segunda-feira, 7 de abril de 2008

Espécies

“Existe uma nova espécie de alunos…": é assim que começa a publicidade de uma empresa de telecomunicações da qual não posso dizer o nome, mas que, devido ao novo acordo ortográfico, passará a ser otimus e a poder vender produtos com o nome de Kanguru.
Essa “nova espécie” de alunos é a espécie do choque tecnológico, choque esse que pretende que todos os portugueses no geral, e os alunos em particular, tenham um fácil acesso às novas tecnologias, tais como os telemóveis de última geração, Internet, portáteis, manifestações, entre outros.
A tal espécie anda por aí à solta pelas escolas portuguesas, tentando mostrar ao Governo que já sabe usar as novas tecnologias. Não foi preciso muito tempo para começarem a explorar e demonstrar todas as potencialidades dos telemóveis. Como seria de esperar, é nas aulas que os alunos mostram o que sabem: filmam o professor, para que este possa corrigir alguns tiques comuns durante as aulas; têm aulas mais interactivas, com a realização de vários jogos didácticos, entre os quais se destaca o preferido dos alunos, o já famoso “dá-me o telemóvel”, em que o professor esconde o telemóvel e o aluno tenta encontrá-lo, gritando “dá-me o telemóvel”.
Como se isso não bastasse, o Governo achou por bem distribuir portáteis com acesso à Internet a preços muito atractivos, de modo a que a “nova espécie” possa espalhar a palavra. Assim, o aluno consegue colocar em poucos minutos a sua produção no actual site do Ministério da Educação (YouTube), possibilitando aos professores a leccionação do mesmo conteúdo do programa a nível nacional. Desse modo, um aluno que mude de escola tem assim a garantia de que estará ao mesmo nível que os seus novos colegas.
Vendo bem, talvez não exista uma "nova espécie", mas sim novas tecnologias…

6 comentários:

Bárbara Quaresma disse...

Será que não existe mesmo uma "nova espécie"?

Será que os adolescentes de hoje são iguais aos adolescentes que nós fomos?

Será que se, na nossa altura, existissem estas tecnologias, nós reagiriamos da mesma maneira?

Muitas questões que me deixam com dúvidas, mas de uma coisa eu tenho a certeza: o comportamento dos alunos na escola está a mudar, e para pior, a meu ver!

Quando os jovens não respeitam a própria família, que tipo de comportamento esperar para com os professores?

Bem, vou deixar-me de divagações e dizer, para concluir, que gostei do tom humorístico que conferes ao texto... É que, em jeito de brincadeira, consegues deixar os leitores a pensar!

F Geria disse...

A nova espécie!...
Será esta espécie, um espelho da sociedade?...
Será que os paizitos já se demitiram de educar os filhos, responsabilizando as escolas e demais instituições, esquecendo que a instituição família é a mais importante, e onde se transmite os valores, as regras, etc.?...
"Somos apenas o produto do meio onde somos criados..."

Já agora… será que a Kanguru tem uma boa cobertura a nível nacional?... se tem porque é que os alunos, no spot publicitário estão em cima dos armários, cadeiras… será falta de rede?...

Anónimo disse...

Eu acho absurdo crianças pequenas terem telemóveis e explico porquê.
São fontes de emissão de energia, cujas consequências, nomeadamente em tecidos em crescimento, ainda não estão bem esclarecidas, provavelmente até serão nefastas.
Por outro lado, ainda ninguém me conseguiu dar uma boa razão para as crianças terem telemóvel. Será que alguém aqui neste blog sabe de um bom motivo?
E qto àquilo que assistimos na tv chamo: má índole, má educação, falta de respeito pelas regras e pelos seres humanos.
Beijinho, Daniela

Pudim disse...

carlitos, carlitos, nós estamos perante a falência do sistema. Quando um aluno vem de telemóvel em riste e me ameaça de pancada, a única coisa que me passa pela cabeça é perguntar-lhe: "Tá a fazer?" Ele, afoito, responde de imediato: "Um momento, por favor!" É o estado da educação em Portugal. Os professores não conseguem preparar devidamente as suas aulas. Eu, pelo menos, não consigo... passo o tempo a ser testemunha em tribunal!:) :) Forte abraço, daqueles que apertam o osso. Gostei de ver, 30 km de puro endurance. Só sob o efeito de doping. Em formato cãoprimido.

Bárbara Quaresma disse...

Há tanta coisa que me faz espécie... A mentira, a injustiça, as desigualdades sociais, a hipocrisia, o excesso de simpatia, barrigas gordas, mamas caídas, pêlos excessivos e pretos numa mulher, as religiões, os partidos de direita, os partidos que se dizem de esquerda mas que são de direita, a falta de higiene, a não toma diária de um banho, o odor desagradável de alguns pés, o mau hálito, o cheiro a cavalo... Enfim, a falta de mais um texto neste blogue!

Nuno disse...

Estas novas tecnologias, de facto, podem ser um verdadeiro empecilho nas aulas. Mas nem tudo é mau.

Vejamos: antigamente, os telemóveis tinham umas... protuberâncias, vá lá, a que se dava o nome da antenas, algumas até esticavam, o que podia fazer com que, inadvertidamente, vazassem a vista a alguém. De há uns tempos para cá, já são poucos os telemóveis que possuem essas antenas, que foram substituídas por umas interiores, que não se vêem. Menos mau, assim os telemóveis já só podem servir como arma de arremesso e não como armas brancas.

Os computadores portáteis vieram revolucionar o quotidiano. Hoje em dia já podemos ver gajas nuas em qualquer lado, sem termos que ir à praia do Meco ou espreitar para o balneário das raparigas nas aulas de educação física (eu nunca fiz isto, a sério. Apenas me ocorreu dizer isto por causa de um filme que vi na televisão). Também já é possível brincarmos aos cowboys (jogar CS) sentadinhos num banco de jardim, sem nos sujarmos, sem nos cansarmos e sem ouvir "PUM PUM, estás morto".

Depois há ainda os MP3, que permitem termos um sistema de alta fidelidade que cabe no bolso, sem ser preciso andar com aqueles rádios ao ombro, como até há uns anos atrás se via (principalmente naqueles bairros mais... enfim, tu sabes). Melhor ainda, é o barulho quase inaudível (comparando com os rádios de ombro) que estes pequenos aparelhos fazem. Ainda continuam a incomodar um bocadinho, principalmente quando os fones estão nos ouvidos de pessoas pouco invejosas que gostam de partilhar com os outros aquilo que estão a ouvir, mas nada que se compare à potência dos outros rádios.

Cumprimentos,
Nuno.